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Aphorism / Rabujos Split

by Aphorism

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1.
Ergue-se perante a desesperança Mas a dor recusa a se dissipar Irradia-se imponente pelo corpo Mas não se rende à opção de se curvar Eles possuem os tiros, o ódio, a máquina O poder de subjugar É com o alvo nas costas Que luta pra vencer a dor, superar as perdas Por cada um que um dia tombou O luto que fomenta a raiva E justifica os punhos cerrados
2.
Aproxime-se Sinta o hálito mentiroso que exalo Os sussurros que anseia ouvir As palavras se formam lentamente Mas são rapidamente consumidas Soando convenientes Construímos a falácia que nos sustenta As necessidades ilimitadas Contrastando os recursos escassos Ordenadamente, ignoramos contradição Filhos da ordem, mortos no caos Escute-me mais uma vez Iluda-se Dance comigo essa fúnebre canção
3.
Perto de mim Admiro aquilo que não me tornei E não espero o castigo pelo que não sou Não explico o que sinto Pois não há sentido em mim Se encontra a cabeça baixa Não ouse tentar levantá-la É da sua atenção que eu não preciso É no seu aplauso que nasce meu abatimento Estar perto de mim Sobreviver longe de todos Era tudo o que não vislumbrava E a única vitória possível
4.
Deita-se, não se aquieta Respirar não é suficiente A mecânica do ato intensifica a angústia Por mais que o corpo ainda não se perceba Dentro de si ainda busca uma razão Os lados vazios, não há mais toque A matéria se foi, sente A liberdade sempre foi falsa e circunstancial É como buscar acolhimento ao sorrir para um espelho Talvez seja preciso mentir Por um sentido, por um significado E no limite do engano, rende-se
5.
Que cada pedaço valha a pena Ser reconstruído não é opção Sobreviver no limbo, cercado pelo ódio Aspirando se tornar alguém desprezível Por um atestado discutível de normalidade Por um dia tedioso após o outro Soterrando o que não convém A conveniência mórbida e excludente Assassinando possibilidades Por novos contextos, que me destrua Para se renascer longe desse roteiro abjeto
6.
Na outra face do Cristo Há um buraco de bala e sete de faca E um trapo pingando agonia Na carne, o fogo do inferno na Terra Arde e arde Há chagas nas mãos Atadas às costas Com nylon e arame E a corda Um nó na garganta E a língua cortada Na outra face do Cristo Os ossos sem pele E a boca sem dentes E o cheiro, e o cheiro Queima as narinas Marca a memória A outra face do Cristo Ou o que resta
7.
Não terás país nenhum Só arames e tanques Seu veneno e seu câncer Palavras, mais que navalhas, são balas Anos de chumbo contra as fronteiras E os famintos e os amores dissonantes E os dissabores Dos golpes em seus dentes por dente Porque não me olha no olho E diz a quem servem os agentes Da moral e bons costumes
8.
Os passos dos santos se foram As lágrimas dos anjos sumiram no ar Os laços e os nomes, a fé dos devotos Além da vergonha, além dos velórios O que diz o futuro? Que os ventos da história em ruas vazias Sopram as verdades de ontem E nada sobrará além do remorso
9.
Seus olhos castanhos dormem em minhas mãos Como dois cristais de opala Queria sugar toda minha vida Queria tocar sua carne negra E estrangular o seu sorriso Suspiro de alívio no fio da navalha Sangue e saliva bem na virilha E seu cheiro sob as unhas
10.
Há algo nos olhos de Marta São olhos de serpente Quer dançar com os abutres Ter cargos e patentes Marta tem fome de vísceras, Privilégios e carnes vermelhas E acredita Quem sabe um dia Com suor e sangue Mas resta a Marta celebrar A rotina dos dias De quem fica A ver o mundo morrer
11.
O silêncio de quem não pode calar tanto Quem tem na goela um murmúrio e um canto Escuro, escuso, excluso, ex-tudo, expurgo Na parede da boca contra o muro No badalo do sino, na tortura Na porta do quarto dos fundos Preso atrás de marfim imundo Podre como a verdade Do suburbano subhumano surdomudo
12.
Envolto naquilo que odeia Pressente que as habituais ilusões Já não lhe bastam mais Sente o ardor do fim Da conclusão das inúmeras fugas Convergindo em direção à liberdade Um alento final, um vislumbre de paz Antecede o inevitável mergulho No caos ininterrupto que lhe tira da estagnação E o corpo ascende Sem ordem, sem ídolos

credits

released May 28, 2019

Aphorism gravado por Dill Pereira no estúdio Ruído Rosa em Salvador, Bahia, Brasil, entre janeiro e fevereiro de 2019.

Rabujos gravado por Pedro Santos e Rodrigo B. Nery no LL Studios em Recife/PE, Brasil, em março de 2019.

Mixado e masterizado por Miguel Tereso no estúdio Demigod Recordings em Caxarias, Portugal, em abril de 2019.

Capa por Ars Moriendee.
Projeto Gráfico por Burn Artworks.

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Aphorism recorded by Dill Pereira at Ruído Rosa studios in Salvador, Bahia, Brazil, between january and february 2019.

Rabujos recorded by Pedro Santos and Rodrigo B. Nery at LL studios in Recife/PE, Brazil, in march 2019.

Mixed and mastered by Miguel Tereso at Demigod Recordings in Caxarias, Portugal, in april 2019.

Artwork by Ars Moriendee.
Album Graphic Design by Burn Artworks.

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