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Aphorism - Em Chamas
01:26
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Ergue-se perante a desesperança
Mas a dor recusa a se dissipar
Irradia-se imponente pelo corpo
Mas não se rende à opção de se curvar
Eles possuem os tiros, o ódio, a máquina
O poder de subjugar
É com o alvo nas costas
Que luta pra vencer a dor, superar as perdas
Por cada um que um dia tombou
O luto que fomenta a raiva
E justifica os punhos cerrados
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2. |
Aphorism - Engodo
02:43
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Aproxime-se
Sinta o hálito mentiroso que exalo
Os sussurros que anseia ouvir
As palavras se formam lentamente
Mas são rapidamente consumidas
Soando convenientes
Construímos a falácia que nos sustenta
As necessidades ilimitadas
Contrastando os recursos escassos
Ordenadamente, ignoramos contradição
Filhos da ordem, mortos no caos
Escute-me mais uma vez
Iluda-se
Dance comigo essa fúnebre canção
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3. |
Aphorism - Solitude
00:57
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Perto de mim
Admiro aquilo que não me tornei
E não espero o castigo pelo que não sou
Não explico o que sinto
Pois não há sentido em mim
Se encontra a cabeça baixa
Não ouse tentar levantá-la
É da sua atenção que eu não preciso
É no seu aplauso que nasce meu abatimento
Estar perto de mim
Sobreviver longe de todos
Era tudo o que não vislumbrava
E a única vitória possível
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4. |
Aphorism - Desalento
01:34
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Deita-se, não se aquieta
Respirar não é suficiente
A mecânica do ato intensifica a angústia
Por mais que o corpo ainda não se perceba
Dentro de si ainda busca uma razão
Os lados vazios, não há mais toque
A matéria se foi, sente
A liberdade sempre foi falsa e circunstancial
É como buscar acolhimento ao sorrir para um espelho
Talvez seja preciso mentir
Por um sentido, por um significado
E no limite do engano, rende-se
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5. |
Aphorism - À Lucidez
00:58
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Que cada pedaço valha a pena
Ser reconstruído não é opção
Sobreviver no limbo, cercado pelo ódio
Aspirando se tornar alguém desprezível
Por um atestado discutível de normalidade
Por um dia tedioso após o outro
Soterrando o que não convém
A conveniência mórbida e excludente
Assassinando possibilidades
Por novos contextos, que me destrua
Para se renascer longe desse roteiro abjeto
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6. |
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Na outra face do Cristo
Há um buraco de bala e sete de faca
E um trapo pingando agonia
Na carne, o fogo do inferno na Terra
Arde e arde
Há chagas nas mãos
Atadas às costas
Com nylon e arame
E a corda
Um nó na garganta
E a língua cortada
Na outra face do Cristo
Os ossos sem pele
E a boca sem dentes
E o cheiro, e o cheiro
Queima as narinas
Marca a memória
A outra face do Cristo
Ou o que resta
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7. |
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Não terás país nenhum
Só arames e tanques
Seu veneno e seu câncer
Palavras, mais que navalhas, são balas
Anos de chumbo contra as fronteiras
E os famintos e os amores dissonantes
E os dissabores
Dos golpes em seus dentes por dente
Porque não me olha no olho
E diz a quem servem os agentes
Da moral e bons costumes
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8. |
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Os passos dos santos se foram
As lágrimas dos anjos sumiram no ar
Os laços e os nomes, a fé dos devotos
Além da vergonha, além dos velórios
O que diz o futuro?
Que os ventos da história em ruas vazias
Sopram as verdades de ontem
E nada sobrará além do remorso
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9. |
Rabujos - Opala
01:22
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Seus olhos castanhos dormem em minhas mãos
Como dois cristais de opala
Queria sugar toda minha vida
Queria tocar sua carne negra
E estrangular o seu sorriso
Suspiro de alívio no fio da navalha
Sangue e saliva bem na virilha
E seu cheiro sob as unhas
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10. |
Rabujos - Marta
01:11
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Há algo nos olhos de Marta
São olhos de serpente
Quer dançar com os abutres
Ter cargos e patentes
Marta tem fome de vísceras,
Privilégios e carnes vermelhas
E acredita
Quem sabe um dia
Com suor e sangue
Mas resta a Marta celebrar
A rotina dos dias
De quem fica
A ver o mundo morrer
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11. |
Rabujos - Censura
01:54
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O silêncio de quem não pode calar tanto
Quem tem na goela um murmúrio e um canto
Escuro, escuso, excluso, ex-tudo, expurgo
Na parede da boca contra o muro
No badalo do sino, na tortura
Na porta do quarto dos fundos
Preso atrás de marfim imundo
Podre como a verdade
Do suburbano subhumano surdomudo
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12. |
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Envolto naquilo que odeia
Pressente que as habituais ilusões
Já não lhe bastam mais
Sente o ardor do fim
Da conclusão das inúmeras fugas
Convergindo em direção à liberdade
Um alento final, um vislumbre de paz
Antecede o inevitável mergulho
No caos ininterrupto que lhe tira da estagnação
E o corpo ascende
Sem ordem, sem ídolos
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